Para denunciarmos, para perdoarmos, mas para jamais esquecermos!
Resumo da História da CART 3503
Album de Fotos da CART 3503
Letra do ex-Alf. Mil. Op. Esp. António Silvestre, música e interpretação do seu filho Miguel Silvestre.
Prefácio
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publicada por mcbastos
Etiquetas: Guerra Colonial, Moçambique, Stress pós traumático
publicada por mcbastos | 19:23
Meu caro Manuel Bastos,antes de passar a outras análises, deixe-me apoiar, creio que de forma bastante incisiva, a sua muito justa homenagem ao pessoal de enfermagem que acompanhava os “operacionais” nas suas saídas. É que, entre os dois militares distinguidos com a “Torre e Espada” pelos actos praticados aquando da emboscada sofrida pelas NT em 22OUT65, numa das muitas fatídicas “curvas da morte” da nossa guerra, esta no Vanda Conde/Cabinda, estava o soldado enfermeiro Manuel Marques Sardão, postumamente promovido a furriel (nunca percebi se promovido para poder receber aquela condecoração, se por a ter recebido). Apesar de gravemente ferido logo no início do fogo IN, prestou imediatos e continuados socorros aos seus camaradas, apenas sendo interrompido quando a morte também acabou por o ceifar. Interrogação que se põe, ainda que agora, como já então, puramente académica, é a de que se fosse ele antes um atirador, não teria conseguido sobreviver, tendo, alguns dos que sobreviveram, morrido?Em relação às “outras análises” que gostava de fazer, elas têm a ver com o mais do que discutível, e habitual, conceito de “herói”, associando-o a actos excepcionais de coragem, abnegação, etc., etc., … na adjectivação própria dos respectivos louvores e propostas de condecoração. Porque me parece, entendo, que se comete uma tremenda injustiça ao reparar ou realçar apenas os que, por circunstâncias próprias, quanto fortuitas – há quem diga que às vezes mesmo “montadas”… -, se destacam dos demais.O que dizer, então, dos que, como (no) exemplo, dia após dia percorriam caminhos que sabiam minados, viam camaradas ser destroçados e logo ocupavam os seus lugares, perfeitamente conscientes de que se escapassem nesse dia, voltariam no seguinte, numa rotina obrigatória e anónima que nunca ninguém reconheceu, quis reconhecer, a par de outras situações que se lhe podem equiparar, igualmente do maior “merecimento e louvor”?Em tantos casos, e mal comparado, teremos como quem dá sangue apenas quando campanhas e apelos mediáticos e quem o faz regularmente, sem qualquer alarde, ou ainda quem faz donativos quando uma qualquer ONG o pede “publicamente” e quem tem tal inscrito nas suas particulares transferências bancárias mensais.Já vão longas estas considerações, mas deixe-me terminar, pela grande consideração que se deve ao soldado, ao camarada anónimo, que transcreva parte de uma critica que em tempos fiz a um livro e na qual, palavras escritas então com alguma “raiva”/revolta, consegui, julgo, traduzir esse sentimento de enorme respeito por quantos heróis desconhecidos que viveram:“…nas várias frentes, um dia-a-dia de todos os dias da comissão, …, sem nada esperar que não fosse o “louvor” de nos dias seguintes terem que voltar a percorrer a picada minada onde vários camaradas já tinham ficado, mortos ou estropiados, em colunas obrigatórias, desgastantes e mortíferas, ou aguentar, alguns várias vezes por dia, bombardeamentos e ataques aos aquartelamentos, se assim se podia chamar a quantos pardieiros os acolhiam, e onde, se o reabastecimento chegasse, podiam dar-se ao “luxo” de comer por 20H50/dia (em 70/72, que antes já fora menos), estando meses e meses em isolamento, longe de tudo o que haviam deixado como “civilização”, sem outra obrigação que não fosse para o dever a cumprir, enquadrados por oficiais milicianos que quantas vezes não eram mais do que irmãos mais velhos e com mais responsabilidades, não pretendendo serem melhores que os outros, mas apenas em luta constante, como Homens simples sem instrução especial, para se superarem a si próprios, aos seus medos e às suas angústias, enobrecendo-se em actos de coragem, camaradagem e solidariedade, alguns tão heróicos quantos comuns e anónimos, não assinalados nem sequer referidos porque vulgares de tão repetidos, criando entre si, e no terreno, tantas vezes empapado de sangue, um espírito de corpo que lhes permitiu a sobrevivência física e mental, transformando-se em “famílias” revividas e reforçadas nos convívios depois realizados.”Um abraço amigo do José Manuel Sande
Caro Amigo Manuel Bastos,ao reler aqui o meu comentário, houve uma coisa que me “soou” bastante mal, e certamente também a outros, e que quero rectificar, digamos assim, tendo-se que ter em atenção, no entanto, que o texto/crítica que transcrevo no final daquele teve uma causa, sendo resposta a uma situação específica, daí a restrição usada. Mas, realmente, no contexto do comentário deve compreender-se/ler-se: “…, enquadrados por oficiais 'e furriéis' milicianos que quantas vezes…” , porque seria de enorme injustiça não reconhecer o fundamental papel destes últimos quer na cadeia de comando operacional quer na garantia dos diversos serviços, para além do seu valor-charneira na relação entre os “seus” homens e entre estes e os oficiais, estando a referir-me em especial, como é evidente, às unidades do mato.Renovado abraço do José Manuel Sande
Manuel BastosNo seguimento de quanto relatas,embora já não estivesses em Mueda, sabes que os homens da 3503, no final da sua comissão, quando haviam já recebido os "checas" substitutos,espontâneamente, numa noite, após um convívio de boas vindas organizado pelos furriéis, com a presença dos oficiais e, depois, de muitos soldados,todos pertencentes à 3503, dirigiram-se em autêntica manifestação ao hospital, onde deixaram um abraço de agradecimento a todos os médicos, enfermeiros e demais pessoal hospitalar, como prova de quanto eram admirados e estimados pela companhia que mais "trabalho" lhes havia dado.Como sabes, os responsáveis pela condução da guerra em Mueda, tomaram esta distinção como uma afronta.António P. Almeida, último cap. Cart 3503.
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